domingo, 25 de janeiro de 2009

Geografia - Dominio Morfoclimatico da Caatinga

Caatinga (do Tupi-Guarani: caa (mata) + tinga (branca) = mata branca) é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 734.478 km², cerca de 11% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil).

Apresenta vegetação típica de regiões semi-áridas com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI.




A Caatinga (estepe) é a vegetação típica da região do Polígono das Secas. É o bioma típico do clima semi-árido, com solos pedregosos e rasos e chuvas escassas e mal distribuídas. Formação arbustivas, com árvores de pequeno porte e arbustos espaçados. Pela baixa oferta de água, a caatinga apresenta espécies xerófitas (plantas adaptadas a ambientes secos, que às vezes desenvolvem espinhos em lugar de folhas). As raízes precisam ser profundas, de modo a alcançar o lençol freático. Em função do clima, a maior parte dos rios que atravessam essa região são temporários (desaparecem na estação seca), porém há um rio perene, que é o São Francisco. O relevo é formado por planaltos e depressões. A caatinga possui três estratos de formação vegetal: arbóreo, arbustivo e herbáceo (de erva). É o único bioma exclusivamente brasileiro. Em áreas próximas das serras (barlavento), onde ocorrem chuvas de relevo (orográficas), existem as "áreas de exceção", ou brejos, onde é possível a produção de frutas e flores.





Degradação Ambiental

Porém, este patrimônio encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela população local, desde a ocupação do semi-árido, tem levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelo homem, e somente 0,28% de sua área encontra-se protegida em unidades de conservação. Estes números conferem à caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos mais degradados conforme o biologo Guilherme Fister explicou em um recente estudo realizado na Universidade de Oxford. Como conseqüência desta degradação, algumas espécies já figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação florestal de serem usadas como fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arribação) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça predatória e destruição do seu habitat natural.

Para reverter este processo, estudos da flora e fauna da caatinga são necessários. Neste sentido, a Embrapa Semi-Árido, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o projeto "Plantas da Caatinga ameaçadas de Extinção: estudos preliminares e manejo", junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), que tem por objetivo estudar a fenologia, reprodução e dispersão da aroeira do sertão, quixabeira, imburana de cheiro e baraúna na Reserva Legal do Projeto Salitre, Juazeiro, Bahia. Este projeto contribuirá com importantes informações sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a elaboração do plano de manejo destas espécies na região.

Na Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. O último exemplar da espécie vivendo na natureza não foi mais visto desde o final de 2000. Outros animais da região são o sapo-cururu, asa-branca, cotia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatu-peba e o sagüi-do-nordeste, entre outros.

DesertificaçãoResultado da degradação ambiental
Desertificação é o processo de "degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas, resultante de diferentes fatores, entre eles as variações climáticas, e as atividades humanas". O termo surgiu no fim dos anos 40 para identificar áreas que estavam ficando parecidas com desertos ou aquelas em que os desertos aparentavam estar expandindo-se. Esses locais são caracterizados pela escassez de chuva. As precipitações anuais variam entre 250 a 800 mmm/ano, geralmente concentradas em três ou quatro meses, alternadas com prolongados períodos de seca. Cerca de 1 bilhão de pessoas (um sexto da população mundial) mora em terras secas, que ocupam 37% da superfície terrestre. Nessas áreas, está também a maior concentração de pobreza.

Mais vulneráveis à erosão, essas zonas têm passado por processos de degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade, somados à redução da qualidade de vida da população. Em grande parte, por conta da exploração desordenada dos recursos, com o objetivo de produzir mais para o atender ao mercado. Por ser um problema global, a desertificação chamou a atenção da comunidade internacional que, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), vem buscando saída para a questão e criando espaços para a discussão sobre o tema desde a década de 70.
No Brasil, 980 mil quilômetros estão sujeitos à desertificação. Existem diferentes causas para este fenômeno, quase todas associadas ao manejo inadequado da terra. Desmatamento, queimadas, irrigação mal conduzida, pastoreio excessivo, mineração e cultivo dependentes são algumas das práticas que proporcionam perda de recursos e redução da capacidade produtiva das terras.

Os efeitos da degradação ambiental são maximizados por fatores estruturais, como má distribuição de renda, alta densidade demográfica e incompatibilidade entre atividades econômicas e condições ambientais. Estes agravantes tornam mais difícil o combate à desertificação. No Nordeste, o descuido com a natureza tem criado complicações que já podem ser percebidas: diminuição da disponibilidade de água, assoreamento do Rio São Francisco, exposição excessiva dos solos a insolação por causa do desmatamento, perda da umidade e redução da biodiversidade da caatinga. Danos de outra ordem, a exemplo da diminuição da atividade agrícola, da circulação de renda e, consequentemente, do aumento dos índices de pobreza não são menos graves e exigem políticas governamentais específicas.

Fontes de pesquisa:

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